Google em maus lençóis na Itália

Enquanto em Portugal se discutem alegadas tentativas de controle pelo governo de alguns órgãos de comunicação social, na Itália, onde o primeiro-ministro controla, de facto, quase toda a comunicação social, quer como patrão quer como chefe de governo nos média públicos, o debate entra noutro campeonato, de outra ordem de grandeza, por assim dizer: O controle da internet, o média livre por excelência.

Não será, de resto, por acaso que a Itália tem uma das mais baixas taxas de penetração da banda larga na Europa, abaixo de Portugal. Provavelmente porque não interessa aos patrões dos média tradicionais. Provavelmente porque "patrões dos média" é sinónimo de Berlusconi.

Uma recente decisão judicial italiana (de que a Google vai recorrer) vem agora, na prática, equiparar o Youtube a um normal canal de televisão, condenando três executivos da empresa norte-americana, por esta não ter retirado de imediato um vídeo de assédio de um grupo de rapazes a um jovem deficiente. Demoraram duas horas a retirar o vídeo, a partir do momento em que uma queixa foi apresentada, mas os juízes italianos acharam que tal não foi suficientemente rápido e que a empresa é responsável à priori pelos conteúdos que disponibiliza. Algo que se torna impossível, visto que são descarregados no Youtube cerca de vinte horas de vídeo por minuto...

Tudo depende agora de tribunais superiores, mas se a sentença for confirmada, a Itália cava ainda mais o fosso que a separa da era da informação. Para evitar processos, até as universidades já temem abrir fóruns, por exemplo, dada a possibilidade de aí serem colocados inadvertidamente conteúdos menos próprios. Ainda vai o reitor parar a Tribunal... Larger Threat Is Seen in Google Case - NYTimes.com

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