«As novas gerações têm um problema que está para além do interesse pela História. Há essa procura que esbarra com a História que é ensinada nas escolas, que não tem que ver com nada. É a História como era há 30 anos, uma História estrutural em que não há pessoas, não há sociedade, é abstracta. Ninguém interessa. Há aquela abstracção mais ou menos marxista. Tem uma característica muito particular: a História antes era ensinada como uma narrativa e agora é ensinada com uma série de fichas, de apontamentos. Os próprios livros já não têm narrativa, são apontamentos. Aquilo é tudo fichas, nada daquilo é interessante, as minhas filhas detestam História, odeiam a História que é ensinada, é das disciplinas mais odiadas, é mais odiada hoje que o latim há mais de 30 ou 40 anos. Temos aquele paradoxo de que nas escolas toda a gente odeia a História, fora da escola toda a gente se interessa pela história. Alguma coisa está errada com a História que se ensina na escola.»
«Temos de distinguir entre graus de responsabilidade. Por um lado, a de todos os que estiveram em posições de direcção e responsabilidade na sociedade portuguesa e no Estado nas últimas décadas. Por outro lado, o partido que domina o governo há 15 anos é o PS, que tentou convencer os portugueses que a despesa pública era a maneira de criar riqueza a Portugal. A economia parou e estagnou. Finalmente, todos os que estiveram no poder nos últimos anos e continuaram a linha do PS. Há ainda a responsabilidade colectiva, porque estas pessoas foram eleitas por nós. O maior problema de Portugal é o endividamento do Estado, mas também é o dos particulares, que também foi fomentado. Mas esse endividamento privado corresponde também a decisões individuais e as pessoas devem assumir as suas próprias responsabilidade.»
Rui Ramos: Se Sócrates ficar na história terá de ser pelas más razões
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